Olívio Jacobus
Nasci em Três Coroas, em 1929, filho de uma família muito modesta de imigrantes alemães, da Prússia Oriental, que chegou a São Leopoldo por volta de 1827 e daqui se espalharam por toda a região: Novo Hamburgo, Taquara, Montenegro, etc. Meu pai, que teve sete filhos, ao longo de sua vida mudou muito de domicílio e, em função disto, foi difícil conseguir estudar. Apesar dessa dificuldade, consegui concluir o curso técnico de contabilidade, então chamado de guarda-livro.
Como, naquela época, pessoas jovens dificilmente conseguiam trabalhar nessa área de contabilidade, responsabilidade confiada a pessoas de mais idade, acabei em outra atividade. Fui aprender o ofício de sapateiro, em Três Coroas, onde me iniciei na função. Em 1945, fui contratado por uma fábrica de Novo Hamburgo, especializando-me em sapatos femininos. Naquele tempo, fazia-se o modelo Luiz XV, que era, e ainda deve ser, o sapato mais requintado.
Em 1947, houve, em Canoas, uma seleção para a Aeronáutica, destinada a recrutar pessoas para um curso de especialização, na ilha do Governador, Rio de Janeiro. Fui selecionado e fiquei um ano e pouco na Escola de Especialistas da Aeronáutica, concluindo o curso. Depois de dar baixa, voltei para Novo Hamburgo continuando a trabalhar no fábrica de sapatos.
Mais tarde, arrumei uma namorada em Taquara e acabei trabalhando numa fábrica daquela cidade. Nesse meio tempo, um de meus irmãos adquiriu, em São Francisco de Paula, uma oficina mecânica de caminhões com posto de gasolina que, mais tarde, tornou-se agência autorizada para venda de caminhões da marca International.
Entrevista Sr. Olívio Jacobus para a TV Feevale:
Eris Zugno
Entrevista publicada na Revista das Hortênsias em Outubro de 2010
O vendedor de sonhos
Os veículos sempre estiveram na vida do empresário Eris Zugno. Desde 1928, quando nasceu, em Caxias do Sul, o pai Attílio já trilhava os difíceis caminhos da Serra a bordo de um caminhão, carregando madeiras – então a principal atividade econômica. Com menos de dois anos, Eris já estava instalado em Canela, onde mais tarde fez o primário. O secundário foi feito em Novo Hamburgo, e em seguida ele já dirigia o seu primeiro caminhão, carregando madeiras. O período coincidia com o fim da Segunda Guerra, e a escassez de alimentos, de equipamentos, de gasolina e até de estradas, não foram suficientes para desanimar o filho da dona Elvira. Pouco tempo depois, estava de volta a Canela, onde começou uma oficina mecânica no centro da cidade. “Naquela época, uma oficina era muito parecida com uma ferraria e, por isso, atendíamos até mesmo as carretas”, relembra com um sorriso.
As dificuldades do pós-guerra foram sendo amenizadas e a oficina tinha cada vez mais trabalho. Em 1957, Eris Zugno conseguiu uma concessão de uma revenda Chevrolet, a Auto Canela, que se tornaria um dos maiores fenômenos empresariais da Região das Hortênsias. “A Auto Canela só se viabilizou pela força de duas cidades: Canela e Gramado”, resume o empresário, que sempre colocou o cliente em primeiro lugar, antes mesmo de os gurus empresariais descobrirem esse segredo. “Você tem um cliente especial, que não está comprando uma camisa. Por isso, investimos milhões em treinamento”, completa.
Grupo Forte
Em 1967, ganhou o reforço do amigo Olívio Jacobus. “Olívio é um cara dinâmico e positivo, e parte importante no crescimento da revenda”, destaca seu Eris. Juntos, os dois criaram um dos maiores grupos da área de automóveis do sul do Brasil, o Sinosserra, que possui hoje 10 revendas Chevrolet com a marca Sinoscar, cinco lojas Volkswagen com a marca Guaibacar e, mais recentemente, uma revenda Fiat, a Tramonto, de Porto Alegre, comanda pelo neto, Diego. Além disso, o grupo é forte em consórcios, com as marcas Sinosserra e Sudamérica, e possui uma empresa na área de empreendimentos imobiliários. Ao total, são 900 funcionários.
Aos 81 anos, Eris Zugno está se afastando do dia a dia das operações, mas tem sobre a mesa de sua casa todas as planilhas com relatórios de vendas de cada um dos negócios. É na casa, aliás, que seu Eris gosta de receber as filhas, Marilúcia, Zuleica e Maria Isabel, genros e netos para os almoços de finais de semana.
Ao se despedir do jornalista, na porta, vendo o carro de outra marca, ele não perde a oportunidade de exercer a função de um bom vendedor: “Não gostei muito do carro que está aí na frente. Tu já conheceste o Malibu, da Chevrolet?”. Um vendedor de sonhos não descansa jamais.
